Utilizei numa obra minha uma técnica pouco conhecida e acho que pode ser uma solução interessante para muitos leitores: reformar sem usar novos revestimentos cerâmicos! Esse post então tem uma dupla função: ele integra a seção portifólio (como projeto/obra executada) mas também consta na categoria “Dicas” do blog, ensinando esta técnica simples para cobrir os revestimentos existentes (ou retirá-los) e fazer um novo acabamento resistente, liso e impermeável.
Que material poderia fazer um acabamento tão bom? O cimento queimado e seus derivados/equivalentes como exemplificarei mais a baixo.
Mas quais as vantagens?
1) Economia – o valor com material é diminuído drasticamente deixando de lado a compra da cerâmica. O custo da mão de obra se mantém aproximadamente o mesmo, só muda a técnica de execução.
2) Estética – Na minha opinião fica muito bonito, porém é uma questão de gosto. Eu indicaria este material para quem aprecia os acabamentos mais rústicos.
3) Manutenção – Por ser um material mais artesanal é possível cobrí-lo, adequá-lo no futuro. É possível adicionar uma nova camada, lixar, resinar, pintar. Se uma cerâmica apresenta patologias o mais usual é demolir e revestir novamente gerando transtornos, barulho, sujeira, entulho.
4) Versatilidade – Porém, no caso de cerâmicas já antiquadas mas que estão bem aderidas pode-se cobrí-las com esta nova técnica que apresentarei aqui.
5) Controle da umidade – Há uma característica interessante dos materiais mais porosos quanto à qualidade do ambiente em relação à umidade.
Os revestimentos mais impermeáveis como as cerâmicas e os porcelanatos fazem com que a umidade do ar nos banheiros (quando do uso do chuveiro) aumente muito. Esse fator somado à uma ventilação deficiente gera mofo nos rejuntes por exemplo. Um revestimento mais permeável (mas que é resistente à água) absorve uma parte dessa umidade e vai liberando-a de volta ao ambiente aos poucos. Isso é chamado popularmente como uma “parede que respira”
Ok. Vamos à parte da execução.
Vou exemplificar a técnica a partir de um exemplo construído que realizei; a reforma de dois banheiros. A aplicação desta solução pode variar um pouco dependendo da situação encontrada em cada obra.




Neste exemplo a necessidade de obra surgiu da queda/descolamento das cerâmicas originais.
Popularmente também conhecida como parede “fofa”, ou que parede que “fofou” hahaha


1) Iniciamos pela demolição.
Se a cerâmica estivesse bem aderida poderíamos mantê-la e cobrí-la com a nova técnica. Isso aconteceu nos trechos em que as paredes eram de dry-wall e nos pisos.
Ao retirar as cerâmicas soltas, descobrimos que a argamassa colante estava bem aderida, portanto deixamos ela como estava.


- O descolamento de cerâmica é infelizmente um problema comum, quando as construtoras exigem muito rendimento dos azulejistas. Eles aplicam argamassa na parede toda, mas quando chegam assentando as ultimas peças a argamassa já está muito seca, afetando a aderencia e causando o descolamento após pouco tempo (no caso em questão aguentou uns 5 anos).


2) Depois partimos para a impermeabilização. Utilizamos um produto flexível bicomponente e aplicado com trincha em demãos com sentido invertido.


Note que no piso do ambiente e na parede do shaft a cerâmica existente estava bem aderida e não compensava demolir. Nesse caso o impermeabilizante fez o papel de “ponte de aderência” (mesmo tendo utilizado depois uma argamassa específica para piso sobre piso), isso ajuda obter um resultado mais garantido. Outra forma de fazer essa ponte é passando cimento com bianco (uma mistura bem aguada) com rolo de espuma e deixando secar.


3) Após a cura do impermeabilizante começamos a aplicação da argamassa.
A primeira camada foi principalmente de regularização dos veios existentes.
Na segunda já é visível o progresso (onde havia cerâmica existente foi mais fácil deixar liso).
A terceira e última camada foi feita mais fuida, diluída com adesivo de alto desempenho (bianco).


4) Entre as camadas foi feita lixação mecânica, principalmente nas últimas, no acabamento.


5) Para destaque e maior resistência à manchas dos produtos de banho, fizemos uma última camada em duas paredes do box com argamassa cinza bem fluida (diluída com bianco) e aplicada com esponja.


6) Já no piso foi usado somente a argamassa cinza em duas camadas, ficando uma cor mais sólida e mais escura.




Nessa imagem já se pode ver basicamente o resultado da opção de reformar sem usar revestimentos cerâmicos. Uma parede resistente e razoavelmente lisa, que pode ser aparência mais uniforme ou mais rústica.
7) Por fim a aplicação resina, os acabamentos de gesso e tinta na moldura do forro, instalação do box de vidro, dos metais, pintura da porta….


8) Reinstalação dos vasos sanitários, instalação da marcenaria, iluminação…


E ficou assim:


E a cozinha?




- **A exceção com relação ao acabamento foi atrás da pia que usamos um porcelanato por causa da gordura. No restante foi usada a mesma técnica.


Espero que tenham gostado do post sobre reformar sem revestimentos cerâmicos! Está em dúvida sobre o que fazer ao construir ou reformar, como planejar o espaço, quais materiais e técnicas utilizar? Veja aqui como e por que contratar um arquiteto!
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